domingo, 1 de novembro de 2009

Passado muito tempo... :)

Passado muito tempo... uma certa menina lembrou-se de voltar a escrever algo no seu blogue...!


E essa menina resolve colocar desta vez uma crítica a um livro que lera... "A Metamorfose" de Franz Kafka.



Espero que gostem...



· Título da obra – “A Metamorofose”
· Autor – Franz Kafka
· Editora – Copyright Quasi Edições
· Data de Edição – 2008

Tema/s dominante/s:
Na minha opinião o livro aborda temas relacionados com o desespero do Homem perante o “infeliz Mundo dos absurdos”, onde o autor tenta alertar a sociedade para os comportamnetos humanos, a solidão, o desrespeito e o resgate de valores e principios.
Não é fácil falar de um tema dominante, pois esta é uma obra tão intensa e mordaz, que eu acabei de ler o livro e descobri que aprendi muita coisa, mas que no fundo tudo é uma incógnita que ainda não tem solução. Apesar de tudo, penso que o que está mais próximo do tema principal seja o título, que pretende transmitir a ocorrência de uma metamorfização, neste caso mental e física: A personagem principal, Gregor Samsa, acorda um dia transformado num insecto. Este jovem sustentava a família, trabalhando em algo que não gostava , mas que fazia, visto que “preferia” rebaixar-se à obrigação de tentar dar uma condição de vida tranquila à sua família. Aos poucos e poucos fui descobrindo que essa mesma família, reagira de uma maneira sub-humana, onde foram manifestados o medo e a repugna. Deixando Gregor abandonado, maltratado e triste... Quase no fim este morre de solidão: “Recordava a família com emoção e afecto. A sua propria convicção de que devia desaparecer era provavelmente ainda mais forte do que a da irmã. (...) Ainda assistiu ao primeiro despontar da claridade, lá fora em frente à janela. Depois a cabeça desceu, sem que ele quisesse, até ao chão, e das narinas saiu-lhe fraco, o último sopro de vida.” (Página 86, III Capítulo.)
Quando anteriormente falei na metamorfização, e referi que esta era mental, pretendia referir-me ao facto de Gregor ter outras opiniões, emoções, sentimentos, comportamentos, hábitos, ... tudo mudou nele, desde o aspecto aos gostos.
Quando Gregor acorda dos seus pesadelos e se apercebe que tem uma carapaça dura e umas quantas perninhas que não podem com o corpo, este pensa estar a sonhar, mas a mudança é tal que tira logo duas conclusões: “fugir” ou “refugiar-se”...?
Este opta logo pelo isolamento, visto que assim poderia ignorar o trabalho, a sociedade e a família, tornando-se “livre” e apesar de tudo um “bicho” que nada pode fazer. Ou seja, com esta opção posso concluir que Gregor (uma personagem kafkiana) é um ser pobre de espírito e de iniciativa, pois nem chega a questionar-se sobre a solução dos problemas estar junto à angústia. Visto que Gregor se acomoda à “realidade” rebaixando-se a tristes condições.

Personagem mais marcante:
Penso que seja Grete, a irmã mais nova de Gregor. Porque esta é aquela personagem diferente, inconstante, que nunca é guiada pelos mesmos sentimentos, emoções e principalmente opiniões. Sendo Grete uma linda e inteligente rapariga, com cerca de 17 anos, é a única na família que tenta tomar conta de Gregor, enquanto insecto. Esta tenta alimentá-lo, visitá-lo, arrumar o seu quarto e mais importante, tenta compreendê-lo, questionando o porquê de cada um dos seus “caprichos” (como por exemplo, a “tenda” que este fez junto da cama, para se resguardar e dormir, visto que já não conseguia subir para a cama). Mas inesperadamente, Grete altera-se, sendo para mim uma personagem muito estranha e misteriosa. Até quando os pais começavam a pensar em soluções para Gregor esta só pensava em abandoná-lo, sendo para mim a altura em que o medo e a repugna começam a manifestar-se nela.

Opinião sobre o livro:
Gostei imenso de ler este livro, acho que é uma obra misterosa, verídica e “agressiva”. O autor tenta retratar um indivíduo preocupado, num Mundo impessoal...
Este livro é de rápida leitura, pois é directo e não pormenorizado, mas à medida que vamos lendo, cada acontecimento faz-nos questionar sobre certos aspectos, onde acabamos a leitura sem a resposta aos mesmos.
O fim não era o que eu esperava... Não é que eu esperasse alguma coisa de Kafka..., mas tudo acabou de uma maneira diferente, inesperada, estranha, ... talvez distante à “lógica” (LÓGICA? - novamente esqueci-me que li uma obra de Kafka). Na minha opinião, as personagens não reagem (são muito tranquilas) e penso que a “causa” deste fim seja esta mesma.
O fim representa o frio arrependimento dos pais de Gregor, onde estes manifestam vontade em dar à filha o que não conseguiram dar ao filho: uma família, uma casa, um marido (uma esposa), uma boa saúde ..., uma vida! : “Enquanto iam conversando, o Senhor e a Senhora Samsa repararam quase ao mesmo tempo, ao olharem para a filha, como ela foi ganhando vivacidade, como ultimanmente , apesar de todos os contratempos , que a tinham deixado com aquela palidez na face, ela tinha desabrochado e se tornara uma rapariga bonita e desejável. À medida que iam ficando mais silenciosos, num entendimento tácito de olhares, pensavam que ia sendo altura de lhe arranjar um bom marido. E sentiram-se como que confirmados nos seus sonhos quando, chegados ao termo da viagem, a filha se levantou em primeiro lugar, evidenciando toda a frescura jovem do seu corpo.” (página 92, III Capítulo).
De uma maneira um pouco diferente, penso que este livro é uma visita guiada ao pensamento e à alma de um génio, uma visita muito pequena mas por um lado muito intensa... Que depois de ter passado por ela, posso concluir que ninguém volta desta..., a não ser que volte alterado.
Esta obra faz-nos mudar de atitudes e pensar no que já fizemos, no que fazemos e no que iremos fazer!

BM
1 de Novembro de 2009











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